O futuro Governo e o Esporte

Permitam-me entrar em uma seara em que, se não me sinto confortável como quando nadava, ao menos já não sou um neófito, afinal no segundo semestre vou fazer bodas de estanho no Governo de Minas.

Hoje, no trajeto para o trabalho, acabei passando os olhos na íntegra das diretrizes do plano de um eventual governo de Eduardo Campos e Marina Silva e fiquei triste ao notar apenas uma vez a palavra Esporte. Chegando em casa, quis verificar com precisão, afinal ler na tela de um smartphone pode não ser a melhor maneira de tirar conclusões. Pois bem, num volume de quase 70 páginas e um universo de quase 15 mil palavras, o Esporte foi mencionado apenas 7 vezes.Todos eles com cultura e lazer.

Não deixa de ser incrível que a década dos grandes eventos esportivos, com Pan, Mundial Militar, Copa das Confederações, Copa do Mundo, Olimpíada e Paralimpíada, para ficar apenas nos maiores, não foi capaz de tirar o Esporte do ostracismo político.

Sinto-me culpado, de certa forma, neste fracasso. Mesmo com investimento maior, conquistas importantes na legislação esportiva e até algum apoio da iniciativa privada (não me venham mencionar dos “patrocínios” baseados em lei de incentivo, este é o meu e seu dinheiro), não conseguimos colocar o Esporte efetivamente na agenda política. Esporte, cultura e lazer é o que sobrar. Se sobrar.

Não importa o potencial econômico, do turismo esportivo, da cadeia produtiva. Precisamos de mais estudos para demonstrar o quanto isso impacta no PIB e na geração de empregos? Talvez. Diria, muito provavelmente. Mas a comunidade científica também não viu aqui uma oportunidade de confirmar o que empiricamente já é conhecido.

Desenvolver um programa de qualidade de vida, onde o esporte seja uma alavanca importante? Será que dá voto? As pessoas vão tomar menos remédios e procurar menos médicos (com o perdão do trocadilho). Vão viver mais – e menos dependentes.

Enfim, já comentei aqui sobre o melhor planejamento que já vi, que foi o britânico. Alguns resultados não foram alcançados, mas outros, como o desempenho olímpico, teve seu ápice em Londres-2012. Mas talvez a maior vitória foi que eles conseguiram um envolvimento significativo governamental E da sociedade civil.

Voltando às diretrizes do PSB e Rede, o termo sustentável? Sete vezes mais que esporte.

 

2 thoughts on “O futuro Governo e o Esporte

  • Gustavo Santana

    Boa reflexão , acho que antes de tudo precisaríamos traçar um ´´modelo´´ de desenvolvimento do esporte, seja ele nacional, estadual ou municipal, na intenção de analisar uma estrutura esportiva na qual seria o melhor modelo para se tornar a matriz do desenvolvimento esportivo no nosso país.
    A elaboração implementação e controle de políticas públicas para o esporte, inevitavelmente necessita de um equilíbrio entre o seguinte tripé: Esporte Educacional, Esporte de Participação e Esporte de Rendimento.
    Acredito eu que os insucessos de muitos governos na área do esporte e lazer residem na inobservância deste pequeno detalhe, incidindo na demasiada distorção da função do Estado e comprometendo assim a possibilidade de realizarem ações concretas no sentido de proporcionar um desenvolvimento social equilibrado, sólido e com qualidade.
    Enquanto o gestor público concentrar esforços em apoiar e financiar ações apenas na dimensão do esporte educacional, dentro da escola, também ficará patente a exclusão da parte da população (crianças, jovens e adultos) não integrada ao circuito escolar, bem como haverá uma gradual diminuição da capacidade de várias entidades de prática e de administração desportivas locais em sustentarem resultados favoráveis nos eventos externos.
    Se o gestor público promover políticas apenas na dimensão do esporte de participação, tanto o potencial formativo do universo escolar ficará comprometido (e o respectivo segmento social fortemente excluído), quanto à capacidade e resultados das entidades do sistema desportivo local tornar-se-ão inexpressivas, frente ao contexto macro.
    Portanto, para que a administração pública, através da área do esporte, possa impulsionar o adequado desenvolvimento social, faz-se necessário o equilíbrio dinâmico da gestão do esporte, em função das suas três manifestações, sendo elas: Educacional, Rendimento e Participativo. E uma integração do governo envolvendo as áreas da educação, esporte, lazer, saúde, cultura e ação social, refletida nos diversos instrumentos de planejamento.

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    • Rogério Romero

      Caro Gustavo,
      Obrigado por compartilhar sua opinião. Na verdade, nossa constituição traz um pequeno desequilíbrio neste tripé, dando prioridade ao Esporte Educacional. Nada mais justo mas, no meu entendimento, ela não vem sendo seguida. Não digo apenas agora, pois com os grandes eventos é compreensível um maior investimento no esporte de rendimento, mas desde sempre.
      Abraço

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